ALFONSO LARRAHONA KÄSTEN
( CHILE )
Nasceu em Valparaíso, Chile, em 1935.
Poeta, ensaista, professor emérito da Universidad de Chile.
Alfonso Larrahona Kästen é um arquiteto de fervor. Certamente não é necessário punir a sua linguagem para que ela assuma a obediência ao mistério. O poeta deixa sua palavra tomar os canais pacíficos – o fraco hendecassílabo, o mais solene alexandrino – para contar o que ele tem para cantar: o conto mágico sem enredo, sem estridência. | David Escobar Galindo (poeta, narrador, acadêmico. El Salvador)
“Poeta de voz tranquila, sem rebuliços nem tremendismos expressivos, Larrahona oficia o soneto clássico com inesperada perfeição. O rigor formal desta disciplina lírica não diminui de forma alguma a profundidade conceitual de suas estrofes. | Delia Domínguez (Poetisa, acadêmica. Chile)
TEXTO EN ESPAÑOL – TEXTO EM PORTUGUÊS
NORTE – REVISTA HISPANO-AMERICANA. QUINTA ÉPOCA. NO. 507-508. Sep. – Doc. 2015. Ciudad de México: Frente de Afirmación Hispánica, A. C. Director Fredo Arias de la Canal.
Ex. bibl. de Antonio Miranda
Y volar diariamente con palabras
oníricas creándote un lenguaje,
volar por el espacio aun salvaje
y senderos ocultos entreabras.
Volar con el idioma que heredaste
de ancestro que te legó su lira,
el mundo que tu música delira:
el gran desconocido que olvidaste.
Volar para sentirte liberado
y no ser aquel pájaro enjaulado
que cantó tras barrotes, prisionero.
Y volar hacia donde tus canciones
emitan las pequeñas vibraciones
llegando a ser un breve curandero.
***
Me traducen los versos que me brotan
sacando luces desde antiguos sueños,
desde zonas con límites risueños,
ecos cuyas verdades no se agotan.
Me traducen, son mi mejor retrato,
en ellos voy desnudo de materia;
en verso las palabras me misterian,
en ellos tengo casa para rato.
Al escribir, del mundo desvestido,
entrego mi sangrar y mi latido,
mi modo de donar mis pertenencias.
Por eso, si me lees, me verás
y conmigo también florecerás,
sabrás de mi existir, de mis querencias.
TEXTO EM PORTUGUÊS
Tradução de ANTONIO MIRANDA
E voar diariamente com palavras
oníricas criando-te uma linguagem,
voar pelo espaço ainda salvagem
e caminhos ocultos entreabras.
Voar com o idioma que herdaste
de antepassado que te legou sua lira,
o mundo que tua música delira:
o grande desconhecido que olvidaste.
Voar para sentir-se liberado
e não ser aquele pássaro enjaulado
que cantou detrás de barrotes, prisioneiro.
E voar para onde tuas canções
emitam as pequenas vibrações
chegando a ser um breve curandeiro.
***
Me traduzem os versos que me brotam
retirando luzes desde antigos sonhos,
desde zonas com limites risonhos,
ecos cujas verdades não se esgotam.
Me traduzem, são o meu melhor retrato,
por eles vou despido de matéria;
em verso as palavras brotam ,
nelas tenho casa para o trato.
Ao escrever, do mundo desvestido,
entrego meu sangrar e meu latido,
meu modo de doar mis pertenças.
Por isso, si me lês, me verás
e comigo também florescerás,
saberás de meu existir, de minhas querenças.
LARRAHONA KÄSTEN, Alfonso. Sonetos selectos. Volumen I (1957-2012). Madrid: Ediciones Deslinde, 2022. 542 p. ISBN 978-84-19369-02-4 15 x 23,5 cm.
Ex. bibl. de Antonio Miranda
LID SIN RAZÓN
Y nada se me dio sí no luchaba
si no iba iluminado o malherido,
por mis propias saetas perseguido,
una música azul me desangraba.
Todo lo que logré me regalaba,
un vaso de silencio, un alarido,
de la sangre. Mi verso preferido
fue una lid sin razón que me marcaba.
Luché como un demente cada día,
como una llama mi pasión fulgía
blancamente, sin prisa, sin medida…
Mi vida dejé escrita en un cuaderno:
gran fiesta de placer, amado infierno
donde esconder mi identidad perdida.
Tradução de Antonio Miranda:
LIDE SEM RAZÃO
E nada acontecia se não lutava
se no ia iluminado ou malferido,
por minhas próprias setas perseguido,
u´a música azul me debilitava.
Tudo o que logrei me regalava,
um vaso de silêncio, um alarido,
de sangue. Meu verso preferido foi uma lide sem razão que me marcava.
Lutei como um demente cada dia,
como uma chama minha paixão irradia
claramente, sem pressa, sem medida…
Minha vida deixei escrita em um caderno:
grande festa de prazer, amado inferno
onde esconder minha identidade perdida.
LAHARRONA KÄSTEN, Alfonso. Sonetos selectos. Volumen II (2012- 2017). Madrid: Ediciones Deslinde, 2022. 542 p. ISBN 978-84-19369-02-4 15 x 23,5 cm. No. 10 719
Ex. bibl. de Antonio Miranda
POR ESTA VIDA
Fui por esta vida: esquivo, atento,
acongojado, desvalido, puro,
poeta, soñador y descontento,
recitador, humilde, silencioso,
amador, solitario y festivo,
escritor y lector semifurtivo,
relegado, iluso y sentencioso.
Me fuí por esta vida complacente,
enfermo, de algún árbol descendiente,
peregrino, de lágrimas reseco;
componedor de lírico espejismo,
el que sueña crearse un propio abismo,
soy un ente sin voz, tan solo un eco.
Tradução de Antonio Miranda:
POR ESTA VIDA
Fui por esta vida, esquivo, atento,
aconchegado, desvalido, puro,
rimador, trovador e sem apuro, poeta, sonhador em descontentamento.
recitador, humilde, silencioso,
amador, solitário e festivo,
escritor e leitor semi-furtivo,
relegado, iluso e sentencioso.
Fui por esta vida complacente,
enfermo, de alguma árvore descendente,
peregrino, de lágrimas bem seco;
componedor de lírico espelhismo,
o que sonha criar-se um próprio abismo,
sou um ente sem voz, apenas um eco.
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Página publicada em novembro de 2023
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